Somos da Série A3! Bandeirante vence Grêmio Prudente com direito a reviravolta no agregado e conquista acesso para a A3 de 2021!


Sim torcedor bandeirantino, é isso que você está vendo. Não é sonho não, é realidade. O Bandeirante depois de dez anos preso na Bezinha, finalmente consegue o tão difícil acesso para a Série A3 do Campeonato Paulista. Dez anos de tristeza, de vexames, de humilhações, de descontentamentos dentre outras coisas que eu me esqueço de falar agora foram exorcisados no dia 13 de dezembro de 2020 quando o BEC venceu o Grêmio Prudente na Pedronera e de uma vez por todas, voltou ao círculo dos 48 times estaduais que compõe as séries A1, A2 e A3 do Campeonato Paulista de Futebol. 

Esse texto vai ser mais do que especial, porquê não vai falar do jogo em si. Vai falar de uma história que começou lá em 2004 (há 16 anos atrás) quando eu virei de vez torcedor do Bandeirante. Eu já acompanhava o time mas sem aquele amor pelo BEC e nunca tinha ido a um estádio ver um jogo de futebol. Eu assisti Bandeirante x Ponte Preta (com time B) na Copa Paulista ao lado do meu pai, nós ganhamos aquele jogo e eu acreditava então que iríamos ser campeões daquele campeonato, mas acabamos sendo eliminados lá em Campinas pro time B da Macaca. 

Os anos em que o Bandeirante jogava a A2 podendo conseguir uma vaga na elite no Paulistão (embora já tinha conseguido uma vez em 1987) eram incríveis. 2004 até 2007 tivemos as grandes batalhas contra o Araçatuba inclusive com aparição do Paulo Bonfá do Rockgol, o famoso 5 a 5 contra o Botafogo de Ribeirão, os dolorosos quase-acessos contra Noroeste em 2005 (que apesar da rivalidade, eu tenho um carinho grande pelo Norusca e pela cidade de Bauru) e Guarani/Portuguesa em 2007 (esse que no jogo contra o Guarani aqui em Birigui fomos muito prejudicados pela arbitragem), os anos com o patrocínio da Samsung, a vinda do Palhinha... Aqueles anos eram sensacionais. 

Aí veio 2008, o ano da queda. E que início dela... Rebaixado pra A3 tomando de 5 a 1 em casa da Ferroviária (na época tive muita raiva pelo time de Araraquara, mas hoje eu também tenho respeito pela Ferrinha igual eu tenho pelo Norusca). Vieram muitos problemas que inclusive nessa passagem pela A3 em alguns jogos o Bandeirante nem podia mais jogar no seu estádio. Mais um rebaixamento e dessa vez pra Bezinha (que na época era chamada de Segunda Divisão apenas) com a LANTERNA do campeonato. Eu estava na sétima série do Fundamental do Instituto Noroeste quando isso aconteceu.

E nesse tempo todo na Bezinha, ano a ano o Leão tentava subir mas alguma coisa dava errado e a gente não conseguia o acesso. Eliminado pra time de empresários, time tradicional... Foi quando chegamos a época de 2015 até 2019, uma das piores eras do Bandeirante em sua história. Desistência de campeonato por falta de laudo de segurança pro estádio, precariedade e falta de modernização da estrutura, goleadas vexatórias como os 6 a 0 do Fernandópolis aqui em Birigui em 2015, os 6 a 0 desse Grêmio Prudente que a gente derrotou nesse domingo lá no mesmo ano de 2015 e os dois 4 a 0 do José Bonifácio em 2016 e em 2019. Eu sei disso tudo porquê eu vivenciei tudo isso como torcedor quando eu passei a amadurecer e passei de um moleque que gostava de futebol pra um adulto formado em Jornalismo.

Diziam que o Bandeirante tinha acabado, que o Bandeirante nunca ia ser mais o que seria antes. Quando nesse momento, trocaram a administração ruim por uma que trouxe de volta gente não só competente e profissional como gente que ama de verdade esse time. Trouxeram de volta o Ademir Wellington de Oliveira pra presidência, fomos quitando dívidas graças a uma parte da grana da venda do Estádio Roberto Clark pra uma rede de hipermercados (infelizmente a venda do estádio antigo era um preço que tínhamos que pagar se quiséssemos voltar a ser o que éramos antes) e foram arrumando a casa aos poucos.

Chegamos no ano de 2020. O ano da reconstrução em que fomos superando cada batalha como se fosse a última. Tivemos uma pandemia global esse ano que nem isso conseguiu abalar a gente. Terminamos em primeiro no nosso grupo de forma invicta com direito a uma goleada histórica contra o nosso maior rival, o Araçatuba. Eliminamos o XV de Jaú nas oitavas num duelo ríspido e que fizeram de tudo pra desestabilizar o Bandeirante em Jaú. Nas quartas, fomos covardemente agredidos por alguns jogadores e membros da comissão técnica do Osvaldo Cruz nos dois jogos e mesmo com alguns afastamentos na véspera do jogo da volta, nós nos superamos e eliminamos o Osvaldo Cruz contra tudo e contra todos.

Aí veio os jogos contra o Grêmio Prudente. Perdemos o jogo de ida por erros nossos (com todo respeito ao time prudentino que soube aproveitar os nossos erros e jogaram melhor que a gente aquele dia), mas aqui em Birigui foi outra história. O nosso grande amigo durante todo esse campeonato apareceu no momento certo, o gol no início do jogo que Mendes abriu o placar. Aí lá no segundo tempo, a jogadaça de Thiago Rubim cortando toda a direita do time prudentino e chutando forte no canto do goleiro Matheus Jesus foi deixando a alegria mais perto do que nunca. E quando o juiz apitou o final do jogo, aqueles dez anos de tragédias se transformaram numa Fênix que ressurgiu das cinzas. O Bandeirante está na Série A3 de 2021 contra todos os prognósticos e todas as previsões possíveis. 

Cento e trinta mil biriguienses como milhares de bandeirantinos pelo estado, pelo Brasil e pelo Mundo finalmente podiam soltar o grito que tava entalado na garganta a anos: "O Leão voltou!". A torcida comandada pelo Guilherme Oliveira (filho do atual presidente), Vitor Octacílio e Paulo Henrique Ulian nos caminhões e nos trios elétricos, os jogadores junto a comissão técnica e o presidente comemorando em campo com todos juntos pagando promessas. 

O técnico André Alves que não estava no estádio mas estava vendo o jogo pelo celular e deve ter vibrado muito com o fim do jogo, a TV/Rádio BEC com a lenda Carlos Alberto Teixeira narrando emocionalmente a festa com o repórter Murilo Magrini e o nosso craque Lincom Pires nos comentários sendo muito profissionais mas também comemorando a festa. O produtor da webrádio e TV Rafael Cícero chorando num depoimento emocionante dedicando esse acesso ao seu pai, o grande Jansen Napoleão Cícero, como o seu irmão Jansen Júnior no gramado também fazendo dedicações ao velho Jansen pai. Eu inclusive chorei junto com esse pessoal quando acabou o jogo, foi tanta emoção que eu não aguentei e fiquei abraçado a minha mãe Maria Cristina que tava vendo o jogo comigo. Pela primeira vez, eu finalmente sabia o que era comemorar algo com a camisa do Bandeirante. Nem que fosse um acesso.

Teve carreata no domingo a noite, teve comemoração e depois disso tudo, eu acho que veio o maior presente pra esse "retorno" do Bandeirante: chuva forte em Birigui. Isso mesmo. Parecia que o destino e São Pedro tinham combinado e trouxeram uma chuva forte que não só fazia falta na cidade, mas também porquê limpou e lavou a alma de cada torcedor bandeirantino após dez anos de espera e muita angústia. 

A final contra o São José vai ser difícil, eu sei, mas o objetivo principal foi conquistado. Cujo era não só o tão sonhado acesso pra Série A3, mas também recuperar a dignidade, a honra, o respeito e principalmente o amor que o torcedor do Bandeirante achava que tinha perdido nos últimos anos mas que conseguiram trazer esse amor e esse orgulho de volta com muito trabalho, muita humildade e muito sacrifício. E pra aqueles que tentaram nos derrubar e dizer que o Bandeirante tinha acabado, eu digo pra cada um de vocês: ESTAMOS DE VOLTA! O BANDEIRANTE É IMORTAL, ELE NÃO MORRERÁ JAMAIS! ESSA CAMISA É QUASE CENTENÁRIA! NÃO VAI SUMIR E DESAPARECER NUNCA! NUN-CA!

Obrigado por tudo, Leão da Noroeste. Ontem, hoje, agora e sempre, Avante Bandeirante!

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